segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nuvens secas


Recebendo a carta, o nome continha sua ortografia, aquela letra pequenina e delicada, usando e abusando da tinta que lhe era oferecida. Tal o foi o sentimento no momento em que olhou para isso, que não sabia explicar ao certo, já fazia tanto tempo desde que sua filhinha tinha partido, como era possível?
Entre as lágrimas da emoção e o suor da tensão, ele abriu e começou a retirar sutilmente um pequeno envelope que transmitia talvez timidez, por sua cor meio amarelada e uns traços bem infantis, começou a ler:

"Olá papai, como vai?

Espero que esteja tão bem quanto eu estive
Ah, na próxima vez que for me largar sozinha
por favor me avise.


Não está entendendo? Desculpa, me expressei mal.
Talvez porque garganta eu não tenha mais
para poder te expressar algum sinal.


Sente a minha falta? Oh, que meigo
Pois eu senti também, senti vontade de te dilacerar
enquanto o meu corpo era rasgado por aquele sujeito.


Você se sente realizado?
Que bom, pois não sei o que sinto,
talvez por meu corpo estar despedaçado.


Eu te odeio! Te odeio! Te odeio!
Eu quero matar você!
Por Deus eu quero te ver!




Ao lado de seu corpinho ele suspirava fundo.
-Faz quanto tempo que isso aconteceu?

-Algumas horas.
A consciência pesava, loucura.

Um comentário:

Vai lá... Sem medo :]